Se quiser participar, é só mandar um e-mail pra organizadora em juliadantas@gmail.com pra combinar uma data pro teu relato. Os participantes estão em Porto Alegre ou abandonaram a cidade temporariamente para a quarentena.

21.9.20

Dia 188: por Ana Carolina Gomes Petry

Escrevo um diário de um dia. Olho no relógio, 14:55, olho na tela do celular, apenas uma tela vazia. Eu esperava receber alguma coisa. Não foram poucas as vezes que desviei o olhar, inocentemente, esperando uma luzinha azul piscar, alertando-me de alguma nova notificação. Talvez eu esteja me sentindo sozinha. Talvez eu olhe pra janela, só pra olhar e ver um céu azul e pensar em como, em outras épocas, vendo tal paisagem, as seguintes seriam minhas ações: pegar o celular, mandar mensagem pro Netto, "quer sair?", ele responderia que sim, eu trocaria de roupa e nós iríamos caminhar na orla do Guaíba até umas 17:00, voltando pra casa antes que meus pais chegassem. Mas agora, tudo que me restava era observar aquele céu, a cúpula da Catedral por alguns instantes e ponderar sobre a existência de Deus. Que inusitado. Tem sido um tópico recorrente em minha mente, que tem passeado em minha cabeça, a incerteza sobre tantas coisas: sobre quem serei no futuro, sobre quando a quarentena teria fim, sobre Deus. Talvez eu só tenha passado a pensar nele por tanto observar a Catedral, ou por me sentir sozinha, ou por estudar filosofia. Não sei. De qualquer forma, prefiro me ater às certezas e à lógica incontestável de uma equação matemática - mas, na verdade, nem tenho mais certeza alguma sobre essas notas. Mas o céu continuava azul.

Nenhum comentário:

Postar um comentário