Mas como abrir os olhos, se o barulho do despertador toca arrastado, em um horário que já não existe mais, numa manhã nem tão útil assim, flutuando por uma semana de dias sem nome? Mas como abrir os olhos se afinal eles já estavam abertos, antes do instrumento monocórdio ressoar pela caixa de som metálica e estourada do meu telefone, e aí eu desligar o alarme, dar dois giros na cama, voltar a dormir, mesmo que antes estivesse acordado.
Acordar.
Tomar café da manhã.
Ver as notícias de hoje.
Fazer exercício físico.
Tomar banho.
Ler. Ler. Ler.
Escrever. Escrever. Escrever.
Preparar o almoço orgânico.
Ler. Escrever.
Há uma semana joguei todos os livros no chão. Pensei em organizar a biblioteca, mudar a ordem por afinidade, editora, autor e cor de capa. Joguei os livros no chão, e saí. É recente isso em mim: saber que preciso fazer algo, e não me mover. Agora, no escritório, os livros se somaram ao infinito do carpete.
Nos dias menos vertiginosos, a Ju vem pra cá. Ela usa o escritório para atender pelo Skype. Gosto que ele seja usado, mesmo com o labirinto de títulos no piso. É bom também ver ela aqui. A casa mergulha em ternura e utilidade, de modo que, nesses momentos, não a sinto como esconderijo.
Não sei a contagem dos dias, e hoje durmo de novo com as luzes acesas, os livros por aí.
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