Acordei atrasada! Comecei um curso de línguas, depois fui
para as práticas de yoga, passei para meditação guiada, fiz algumas
especializações na minha área, assisti inúmeras palestras, trabalhei, criei um
site de forma voluntária para uma Escola do Estado, assisti lives, editei
vídeos, gravei...
É, eu definitivamente entrei para o grupo daqueles que estão
super produtivos nesse período e abraçam tudo que veem pela frente!
Não penso que todos devem seguir o mesmo, longe disso! Cada
um reage a sua maneira e essa foi a melhor para a minha mente ansiosa não cair
em paranoia.
Eu estava tendo recorrentes ataques de pânico que só
remédios fortes conseguiam acalmar. Soube da tragédia anunciada bem antes da
maioria. Por possuir muitos amigos morando no exterior, me deparei com a nova
realidade trazida pelo coronavírus algumas semanas antes dele chegar ao
Brasil.
Foram muitas noites mal dormidas. E diante disso eu tive que
reagir! Por mim!
Então, reconhecendo todos os meus privilégios com um
trabalho que seguiu normalmente (embora em home-office), decidi me desligar do
mundo exterior. Isolada em casa, não me permito ligar TV ou acessar qualquer
notícia sobre o vírus (ou sobre política, porque ambas no Brasil são trágicas!).
A distração? Os cursos!
Junto das 8 horas do habitual trabalho, me falta tempo para
cumprir tudo que me propus a fazer. Me vejo até perdida em meio a tantas
atividades e, a pessoa que, antes contava as horas para “despejar” seus anseios
na terapia, hoje se viu esquecendo do horário e tendo que remarcar a consulta
virtual.
Quando foi que me tornei essa pessoa produtiva enquanto o
mundo acaba lá fora? Sei que todos me julgam nesse momento, mas egoistamente confesso:
está me fazendo um bem danado (sobre)viver a esta loucura assim.
No fim do dia, pego a estrada sozinha para voltar à capital.
Após o Dia das Mães, optei por me separar de meus pais que “quarentenam” comigo
desde o início, alternando entre a casa de praia e o apartamento em Porto
Alegre. Sinto que preciso de espaço. Minhas idéias transbordam e já não cabem
mais dentro de mim.
No carro: Cássia Eller, Cazuza e Renato Russo me fazem
companhia em alto e bom som. Através de letras sempre atuais, me reconecto com
o mundo exterior.
“Vamos
celebrar epidemias
É a festa da
torcida campeã
(...)
Vamos
celebrar nossa bandeira
Nosso
passado de absurdos gloriosos
Tudo que é
gratuito e feio
Tudo o que é
normal
Vamos cantar
juntos o hino nacional
A lágrima é
verdadeira
Vamos
celebrar nossa saudade
E comemorar
a nossa solidão”
(Legião
Urbana – Perfeição)
Renato, você
está vivo e escreveu isso ontem, né? E dedicou um verso para a minha atual
situação ainda! Comemorando uma solidão tão indesejada por muitos!
Acho que
tenho que voltar ao mundo real. Estou delirando já!
Mas, quem não está?
Mas, quem não está?
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