Se quiser participar, é só mandar um e-mail pra organizadora em juliadantas@gmail.com pra combinar uma data pro teu relato. Os participantes estão em Porto Alegre ou abandonaram a cidade temporariamente para a quarentena.

15.5.20

Dia 59: por Eva Mothci

Fechando 60 dias afastada, dois longos meses saindo de casa o mínimo possível. Um tempo estranho e atípico mas vou sobrevivendo sem maiores paranoias. Quem me conhece sabe que tenho um temperamento à polyanna, então ok. É preciso usar máscara, ter cuidados com o que vai para fora e o que entra para dentro de casa – sapatos além da entrada, nunca mais, uma das primeiras lições da pandemia. Mas confesso que nunca limpei tanto o chão e as superfícies. Quero ficar em casa tranquila e me sentindo razoavelmente segura. Porque lá fora tá estranho, porque eu não tenho mais a paciência que tinha, detesto essa propensão a julgar os outros e pretendo ver o fim desse tempo.

O trabalho com texto praticamente desapareceu, o bar que abrimos fechou e até a volta, graças às pessoas que nos finais de semana deixam os gatos aos meus cuidados, não estou exatamente desocupada, embora tenha bem poucos clientes. Driblo a saudade dos filhos e dos amigos com os apps da vida. Acompanho as notícias em meia dúzia de fontes que confio pra não enlouquecer de raiva – sim, faço o possível pra não olhar nem escutar vocês sabem quem. E sou ótima companhia, como quando tenho fome, durmo ao ter sono, me divirto sempre que posso, leio muito, bordo, canto e danço pela casa, arranho o violão, invento umas bobagens, faço drinks e fumaças. 

Enfim, vou seguindo. E os gatos, Minoca e Ronronildo, sempre me acompanhando. Grandes parceiros, meu pretinho e minha ruiva amados. E meus filhos, que sempre foram e sempre serão o meu grande alento – no dia das mães, fizemos uma live de cinco horas e meia, conexão Porto Alegre-Curitiba. Foi maravilhoso passar a tarde com eles. Amor sustenta!

E então, conto a vocês que, no meio dessa nova rotina que não tem – pra mim – rotina nenhuma, começou uma pequena reforma no meu apartamento. Pequena, mas com tudo a que se tem direito: reboco, massa corrida, retirada de madeira, troca de portas, tinta, barulho, sujeira. Mas é o que acontece quando o apartamento é alugado. Depois de (muitos) pedidos, o proprietário concordou e os trabalhos começaram. Hoje foi o segundo dia, das 9h às 14h porque ele terminou as tarefas mais cedo. Na segunda-feira deve ir até às 18h.

Daí, a polyanna aqui se pega, depois que o rapaz que está fazendo as obras vai embora – rapaz que troca a roupa ao chegar para trabalhar, anda de meias pela casa e lava muito as mãos – passando pano com álcool em tudo que é maçaneta, espelho, móvel e qualquer outro lugar que possa ter sido tocado, e passando água sanitária com canela pelo chão. E me pergunto se era, realmente, hora de estar fazendo isso, nessa época em que não dá pra visitar ninguém e fugir um pouco da poeira, nem ficar batendo perna na rua. Mas na verdade a hora já passou faz tempo, era preciso e necessário. O inverno vem aí e era MUITA umidade. Então, sim, me respondo. Vamos lá!

No mais, vivemos. Como já disseram por aí, lutar contra o vírus e resistir aos vermes ao mesmo tempo é para os fortes. Que tenhamos, então, muita força. No fim das contas, ainda bem que tem obra na minha casa. Lá adiante, vai ser bem bom ter o apê com a cara que eu queria, consertado e renovado, para poder de novo receber os meus queridos e as minhas queridas daqui e de mais longe. Porque vai, sim, passar. Tudo isso e todos esses passarão. Nós ficaremos.

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