Se quiser participar, é só mandar um e-mail pra organizadora em juliadantas@gmail.com pra combinar uma data pro teu relato. Os participantes estão em Porto Alegre ou abandonaram a cidade temporariamente para a quarentena.

11.6.20

Dia 86: por Luiza Milano

Eu estava ouvindo I will survive – na versão meio introspectiva do Cake, na Rádio Elétrica, quando recebi o convite da Julia. Ha-ha-ha, justamente na hora (leia-se: aquela mísera fração de segundos) em que cogitei flertar com o medo e com a possibilidade de me recusar a dar meu depoimento ao Diário da Pandemia, rolou I will survive??? Tá, né, o sinal estava dado, tive a sensação de que era hora de encarar essa ideia de sair do aparente conforto do bastidor.

A segunda reação que passou pela minha cabeça foi indagar: “Pô, Julia, diz aí como é que tu tá gerenciando essa coisa toda pra acertar o timing, e disparar o convite bem nesse momento, assim tão precisamente?!”. Bueno, como eu já li Ruína y Leveza, sei que ela acredita em bruxas. Las hay, com certeza, las hay.

Já correndo (putz, metáfora infeliz, mas é a que se apresentou para mim agora) o terceiro mês de reclusão, vejo o quanto essa história de ficar nos bastidores me serve como escudo. Na verdade, em meu percurso até aqui, eu achava o maior barato dar aquela força para quem não tinha voz ou espaço para falar. Fiz isso por anos na clínica, na sala de aula, nas equipes de que fiz parte, nos relacionamentos amigáveis e nos amorosos. E eis que, através desse convite, a tal da quarentena me dá sinais de que, muito antes da Covid, ou esse tempão de bastidor me ensinou muito sobre suportar, ou eu estava mesmo, até então, só me escondendo, por um tanto de medo. Uma vez ouvi da Diana Corso que suportar tem dupla acepção: uma, a de “aguentar”, e a outra, a de “dar sustentação”. Acho que me empenhei em dar suporte para um monte de gente, por bastante tempo. Se meu escudo ainda não caiu, ao menos percebo que ele anda beeeem vasado. Agora talvez seja mesmo tempo de eu suportar mostrar a cara, a voz e a escrita.

Valeu, Julia!

Ah, em tempo: ando louca para sair para dançar com os amigos, no pós-quarentena, e suportar botar também o corpo em cena. E quero muito dançar I will survive. Dessa vez, na versão da Gloria Gaynor, óbvio!

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