Se quiser participar, é só mandar um e-mail pra organizadora em juliadantas@gmail.com pra combinar uma data pro teu relato. Os participantes estão em Porto Alegre ou abandonaram a cidade temporariamente para a quarentena.

22.6.20

Dia 97: por Carla Vargas

Depois de três meses e tanto esforço, estamos na bandeira vermelha! E já ficou sem graça (se é que um dia teve) contar os dias de “isolamento social”...

Sem exagero, este termo cabe bem aqui em casa já que moro sozinha. Tirando algum encontro esporádico com vizinhos, nos corredores do edifício, ou trabalhadores dos serviços essenciais – mascarados como eu - todos os outros contatos passaram a ser mediados pela tecnologia. Da ligação ou recados pelo celular, às “lives” e vídeo-chamadas... E agradeço muito por isso! Insuficientes e frustrantes no início, hoje, os contatos virtuais representam a única possibilidade segura de manutenção da sociabilidade, da parceria e dos afetos e, por isso, já foram incorporados à rotina da maioria! Quem diria?

Os resistentes a esta alternativa sofrem mais; são raros, mas eu conheço alguns... E sofro junto, pois me fazem falta as conversinhas “bobas”, mas vitais! Acho que são elas que dão sabor à vida...

Ontem foi o meu aniversário e a comemoração: virtual, claro! Não é a mesma coisa: a imagem congela, o som atrasa, alguém cai! Mas é bem melhor que nada... E se eu pudesse fazer um único pedido online para aquela velha fada madrinha da infância, pediria o extermínio sumário deste vírus maldito, miseravelmente pequeno e desproporcionalmente desastroso. Por causa dele, a vida - como a gente conhecia até então - ficou suspensa... Não tem abraço, beijo, visita, cinema, trilhas na natureza, caminhadas à toa, na cidade mesmo...  E quantos projetos foram interrompidos ou adiados como se tivessem morrido subitamente? Muitos! Por causa dele, meu planejamento se reduziu ao curto espaço de 3 ou 4 dias (o cardápio do almoço), e se estende, no máximo, até o pagamento das contas do mês seguinte...

Trancada em casa, às vezes me perco nesse universo infinito e cheio de memórias, lembranças vivas dos tempos de criança, que vem à tona durante as atividades de limpeza doméstica... Lembro demais da minha avó e da minha mãe e suas vidas, tão dedicadas e discretas, que hoje me são tão próximas como se eu tivesse voltado no tempo... Afinal, nunca fiquei tantos dias em casa , desde meus 6 anos, quando entrei na escola! E agora, é isto - entre outras medidas - que pode abrandar as piores consequências provocadas pelo coronavírus.

Estou com pressa, como quase todo o mundo!

Paciência? Nasci sem ela e ainda não aprendi o seu cultivo... Quem sabe eu aprendo até o fim da pandemia? E que seja logo!

Um comentário:

  1. Carla, assim vamos vivendo, um dia de cada vez. Me identifiquei com tuas vivências. Obrigada!

    ResponderExcluir