Se quiser participar, é só mandar um e-mail pra organizadora em juliadantas@gmail.com pra combinar uma data pro teu relato. Os participantes estão em Porto Alegre ou abandonaram a cidade temporariamente para a quarentena.

1.7.20

Dia 106: por Vera Lúcia Pezzi

Anoiteceu, estou ouvindo Milton Nascimento em sua Live...

Quanta beleza nas suas músicas, letras e voz, mesmo que por vezes trêmula e fugaz, nas lembranças ecoa forte e vibrante.

Talvez hoje eu esteja ainda mais sensível. Me emociono com seu cantar.

Em outros momentos deste dia também me emocionei.

Iniciei o dia assim:

...com um vídeo de crianças cantando, separadas em suas casas. Unidas pelo canto e tecnologia, suas imagens formavam quadros graciosos.

... da mesma maneira emocionei, com a aula de yoga e meditação compartilhada;

...mais tarde com uma Focalizadora de Dança Circular, aproximando pessoas de toda parte, as faziam dançar individualmente, como se estivessem de mãos dadas, descobrindo o poder da Sagrada Intenção.

Estou sensível por tudo que estamos enfrentando em função da pandemia. Tive dias de angústia e depressão. Felizmente tive escuta, tive ajuda...

Então me pergunto:

O que nos faz parar ou agir? ...Criar? ...Olhar para dentro de nós mesmos?

Sobretudo, o que nos faz inventar e conjugar o verbo “Esperançar”

Lamento estar com uma agenda restrita, principalmente porque as pessoas estão temerosas.

Como fisioterapeuta poderia estar minimizando dolorimentos, promovendo saúde e bem estar, mas agora precisamos nos restringir e nos cuidar.

Considero-me privilegiada por exercer minha profissão com interesse renovado a cada dia, e mantendo esta chama acesa, busco novos olhares e novos recursos para substituir o presencial, tudo que possa me fazer sentir útil e produtiva.

O oxigênio que se teme a falta está ainda disponível, mantendo a chama acesa. Motiva a mim e a uma legião de trabalhadores, alguns lutando pela vida, outros produzindo pesquisas, músicas, artes diversas, outros fazendo a manutenção de nossas máquinas, higienizando espaços, recolhendo lixos. Todos essenciais.

É um outro olhar deste momento que estamos vivendo que incentiva e reanima.

Recursos tecnológicos permitem acompanhar o mundo, museus abrem suas portas, pesquisadores, artistas, jornalistas e muitos outros passam a ser nossas virtuais companhias.

Criam-se movimentos de auxílio àqueles que não têm acesso à tecnologia.

Multiplicam-se campanhas por recursos, roupas, alimentos aos necessitados.

Novamente me pergunto:

Quando seremos mais?

Como seremos quando a ameaça acabar? O que vai acabar?

Exercito minha mente e meu corpo, flexibilizo, fortaleço, compartilho, distribuo recursos.

E, quando enfim saio de casa, seja para trabalho ou auxílio, uma voz interna dita cuidados diversos.

É tão estranho, distanciamento, álcool em gel, máscara...

E é no espelho do elevador que me vejo, entre frágil e determinada, agradeço mil vezes por lembrar do principal e indispensável cuidado:

Sorrir gentilmente com o olhar.

É o olhar que magnânimo escapa da proteção e “cegueira” da máscara.

Sim, é possível distribuir sorrisos usando máscara.

Possível aos olhos de quem sorri e aos olhos de quem percebe, recebe e retribui.

4 comentários:

  1. Vera, texto delicioso, embasado em conduta amorosa para Si mesma e para o Outro. O seu diário transborda um caminho de sensibilidade visivel, revertendo a crueza da batalha real em que estamos Todos imersos. Parabens

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    1. Obrigada. Estamos todos na busca de melhores caminhos.

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  2. Vera! Eu esperanço, tu esperanças e assim vamos levando adiante. Com esperança! Recebe meu carinho.
    Marisa Schroeder.

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  3. Obrigada Marisa Schroeder. Teu comentário é uma verdadeira corrente do bem.
    Cada um fazendo a sua parte e Esperançando...

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