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19.7.20

Dia 124: por Mariana Laranjo

ventos destruidores vieram do leste
permeando nosso país do sul ao agreste,
deixando-nos reclusos em meio à peste,
dificultando acesso à ciência que preste.

a dualidade política prévia ao acontecido
tomou partido em vários momentos:
mesmo que "curado" esteja um conhecido,
não são válidos os medicamentos?

a pseudociência chama muito a atenção,
sabe dizer "sim" ou "não" - sem precaução -,
faz os olhos brilharem de emoção,
dá respostas para a população.

andam numa montanha-russa minhas perspectivas:
como indivíduos, estamos retrocedendo?
seremos altruístas, pessoas mais afetivas?
ou tão rápido a dor e o pesar vamos esquecendo?

misturo, às boas, as más percepções:
há quem resista às tentações?
ou permaneceremos sem aglomerações?
a sociedade reflete sua escolha de ações...

com a drástica reclusão do início,
tomada por dúvidas assombrosas,
tudo era um grande suplício,
as respostas eram sempre pavorosas.

durante o processo, saltaram aos olhos a desigualdade -
na saúde, na doença, desde mais tenra idade -,
a violência contra a mulher na sociedade,
a necessidade de uma liderança de verdade.

isolada em meu mundo, voltei a escrever.
é rico e infinito o substrato:
Beauvoir, Atwood, quero tudo ver.
na literatura, afinal, é tudo fato.

quando voltaremos a nos permitir?
será que finalmente conseguiremos, o caos, deglutir?
não é fácil, com tantas dúvidas, coexistir.
aguardemos o agente invisível partir!

Um comentário:

  1. Legal Mariana! Mas fica a pergunta: o que nos reservará o porvir?

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