Se quiser participar, é só mandar um e-mail pra organizadora em juliadantas@gmail.com pra combinar uma data pro teu relato. Os participantes estão em Porto Alegre ou abandonaram a cidade temporariamente para a quarentena.

29.7.20

Dia 134: por Clarice Nilles

música que estou ouvindo agora: Thiago França — Pescoço Curto


não fiz muita coisa hoje. um pouco abalada pelo dia anterior, talvez. ontem ia acontecer uma live no meu instagram, eu estava nervosa, entusiasmada, confiante. aconteceram alguns problemas técnicos e uma tal de auto sabotagem e no fim não teve live. aprendizado, espero? se tem algo que quero explorar, depois de tanto não aceitar o isolamento, é o sentimento de estar viva. e após questionar-me se não era coisa de Milleniun e heavy user das redes sociais, descobri que compartilhar faz com que eu me sinta viva. então entrei num ritmo, com ajuda dos elogios e apoio de alguns amigos que antes nem sabia serem tão precisos assim, de fazer lives, músicas, textos…e postar tudo nessa grande exposição que é a internet. numa lógica de fazer despretensiosamente com pretensão, ou seja, sem muitas noias, filtros ou pré-julgamentos, mas fazendo de um jeito querido e realmente querendo. sem muita elaboração, às vezes até me pergunto se não estaria “queimando meu filme” ao mostrar coisas que não estão necessariamente prontas ou são apenas o inicio de um estudo. vem aquelas vozes infantis perguntando o que a Luiza vai pensar ao ver este meu projeto. ou o Vitor, ou o irmão do Vitor, ou a Fernanda. Graças ao meu processo na terapia, tenho lembrado — a tempo suficiente — de pensar o que os meus amigos achariam disso. É bom lembrar daqueles que apoiam o nosso ser e estar no mundo. Eu faço por importar a mim principalmente. Acho que se algo toca e emociona uma pessoa, já faz sentido. Duas então, já forma um par. 

Realmente, iniciei o dia de hoje achando que não teria muito o que fazer e, já gostando da ideia, aos poucos fui descobrindo uma pá de coisas que havia anotado mentalmente ou em post its e deixado para depois. não fiz, comecei a fazer e me distrai, troquei de tarefa no meio. geralmente é isso, difícil de ficar com um foco apenas durante toda uma tarde, um dia, que dirá uma semana ou uma escrita de diário. aliás, é de se celebrar: desceu a minha menstruação hoje e me pergunto em que fase a Lua está. menstruação tá muito alinhada com os ciclos naturais. tive uma boa conversa com a mãe, ficamos refletindo sobre a passagem do tempo na vida de cada um. nos seus 61, ela diz que é como se a casca, o externo, envelhecesse mas, no interior, segue aquele âmago profundo com vitalidade e sensibilidades que identificamos como “eu” desde a adolescência. diz que hoje guardou um tempo para observar as nuvens, e identificou imagens nelas assim como fazia aos 15 anos de idade em Gramado. me passei rindo na conversa, para no fim chorar de mansinho e muito em meu quarto. parece que as emoções vão se desbloqueando todas juntas. talvez seja bom, ultimamente estou cansada de pensar e tentar racionalizar tanto. pior ainda quando tento entender ou interpretar o outro sem antes mesmo perguntar o que eu penso daquilo. se quero ou não quero, gosto ou não, e todas as nuances aí no meio. acabei de pesquisar aqui, estamos na Quarto Crescente. que encantável ironia, talvez este seja um bom momento para expandir. só quero poder celebrar o que resta, o que existe e o que surgirá. (boa sorte)

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