Se quiser participar, é só mandar um e-mail pra organizadora em juliadantas@gmail.com pra combinar uma data pro teu relato. Os participantes estão em Porto Alegre ou abandonaram a cidade temporariamente para a quarentena.

6.9.20

Dia 173: por Rafael Girardi Bertoti

Acordo à 1 da tarde, em um domingo frio, finalmente despreocupado por já ter feito (quase) todas as atividades pendentes, mas também preocupado por pensar na possibilidade de que o resto do meu ano vai ser assim, ou por saber que meus pais já estão trabalhando no meio da pandemia (sempre me irrito com eles quando lembro disso). Sem vontade de sair do quentinho da cama, percebo que o dia já parece uma cópia do outro, e de todos, ou quase todos. Assim me lembro do que faz os meus dias valerem mais a pena nesse isolamento; os filmes. O meu vício por essa arte volta repentinamente, e me faz levantar logo.

Tomo café (sim, a 1 da tarde); meus pais estão há horas acordados, sem pressa nenhuma de fazer o almoço, queriam descansar; a gente sempre almoça às 16:00 mesmo. Coincidentemente estavam vendo um filme, mas não da vibe em que eu estava, era um blockbuster de ação; eu queria ver uns clássicos. Fico uns minutos com eles no sofá, pra aproveitar meus pais pelo menos um pouco, e já subo. 

Tinha assinado o Telecine Play há umas semanas; vi e ouvi em simplesmente todos os lugares como era um bom serviço de streaming, e afinal era exatamente o que eu tava precisando; todas aquelas notícias horríveis que desmotivam todo mundo, além das dezenas de atividades que eu tinha que fazer, tavam me desgastando, fazendo eu ainda mais recorrer aos meus filmes. Inclusive, os filmes tinham uma desvantagem; eles acabavam com a minha organização das atividades e aulas online; durante toda a quarentena, não consegui conciliar as duas coisas, exceto nesse domingo.

Ao final do dia, os filmes me salvaram mais uma vez. Assisti quatro, só com uma pausa pro almoço; descobri que 2001: uma Odisséia no Espaço é simplesmente genial; assisti Parasita e Bastardos Inglórios de novo; me apaixonei ainda mais (e me tornei ainda mais fã do Tarantino). Mais uma vez consegui me renovar com a ficção, pra bater de frente com essa realidade. Deito feliz, sem conseguir tirar o que vi da cabeça. Diferente do começo do dia, penso otimista; como sou sortudo de poder estar feliz e seguro em casa, e de como posso contar com meus pais, ou com esse refúgio que são os filmes, diferente de algumas pessoas que infelizmente não podem. Termino o dia muito bem, pensando que eu talvez não enlouqueça até o final da quarentena, e que estou na melhor posição que alguém poderia estar em uma pandemia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário